3X4 – Lina Faria

Estou a pensar em Lina, uma das pessoas mais sensíveis que já conheci.
Frágil, bela, rara feito porcelana de importante dinastia, ela carrega também o contraditório de ser tudo isso e ser mais: guerreira, forte, indestrutível, feito diamante que não se deixa riscar por nada.
Lina me deu o presente mais importante que alguém pode nesse reino de cá: o amor da amizade.
E porque ela é ela, trouxe junto com esse pote de ouro suas tão deliciosas características:
– o humor diferente, ácido, que revela sem dizer e expõe as ridicularias humanas de um jeito divertido;
– a observação do mundo à sua volta, de coisas que ela percebe porque tem os sentidos abertos e a antena sempre a funcionar em todas as sintonias;
– a revelação do humano, desde o caminhar de uma mocinha da cidade até o sono rendido de quem tem marquise como casa;
– a descortinação da cidade, porque ela sabe de nossa província e seus personagens anônimos e mais importantes que qualquer um com nome conhecido, ela sabe quem é que faz, de verdade, o mundo girar;  
– o fazer conhecer as árvores, flores, paisagens, telhados, placas, muros, faixas, monumentos, todo e qualquer fio que tece esse grande tapete em que pisamos, pisamos e pisamos todos os dias, e que muitas vezes precisamos dela para saber, para ver;
– a delicadeza de contar coisas boas sobre nós, a generosidade de aumentar nossas qualidades e a compaixão de justificar nossas baldas.
Lina, nada objetiva, cheia de conversas, de caminhos, de paixões, de olhares. Ela, que agora é avó, continua menina, parece borboleta que acaba de sair do casulo e se espanta com o mundo.
É muito bom ter a chance do convívio com alguém que não perdeu a espontaneidade do gesto e acorda com o olhar atento a tudo que para muitos se tornou trivial.
Lina não é trivial, Lina é, todos os dias, original – uma flor com mil pétalas de bem querer. 

pra quem teve a sorte de conhecê-la aos 26.

pra quem tem mais sorte e a conhece hoje.

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