a olhar pra dentro

As vezes me encaixo na frase de Vinícius de Moraes, “tenho tudo pra ser feliz, mas acontece que sou triste”. Em dias melhores, a alegria me invade.

Vivo de acordo com a maré, deixo que os ventos soprem e já desisti de agarrar a vida e domá-la. Mas me seguro firme em minhas poucas certezas e só navego em mar transparente. 

Gosto das palavras, mas ameaçada me calo. Tenho segredos que encheriam um livro e algumas portas a serem abertas. Frestas para uns lados, cadeados para outros. 

Adoro o sol, flerto com as estrelas, desenho em nuvens, parte de mim mora na lua. 

Acho bom quando intervalos de silêncio são preenchidos com música e gosto mais ainda quando a paisagem se enche de flores.

Há tanta realidade em meus sonhos que já nem ouso mais fechar os olhos. Mas vez ou outra me distraio, deixo as amarras e salto pro lado de lá.

Não sei quantos anos tenho, tudo em mim é incompleto e faço voar as folhas do calendário.

Acendo velas, faço orações secretas, lanço moedas em fontes, garrafas ao mar.

Cada novo dia vale por todos e as vezes perco a noção do presente.

Boa alma, não mereço castigos.

Não tenho calos, meus pés correm o mundo.

Cada cicatriz se mistura à pele a fazer parte de mim como qualquer outro pedaço não quebrado. 

Não comprei casa, não doutorei, não fiz fortuna. Tenho filhos, árvores e livros.




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