com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta…

Tela vazia, papel em branco, nada a escrever, nada a declarar.


Mas quando foi que comecei a ficar sem assunto? Em qual esquina eu deixei cair o pacote com as ideias da escrita? Por que que isso acontece assim?
Pensei um milhão de assuntos diferentes e nenhum deles rendeu nem duas ou três linhas. Pensei em seguir em frente dando dois passinhos pra trás e lembrar de qualquer coisa que me fizesse distribuir o passado pelo papel. Nada. Pensei em deixar que um livro de outro, um texto de alguém me inspirasse sobre o que dizer. Nada, nadinha.
Uma vez estava sem tema e acabei escrevendo sobre o que eu tinha na geladeira, parece sem graça, mas como por aqui há algumas coisas guardadas mais por valor sentimental que por consumo propriamente dito, virou texto interessante e divertido. Teve outra vez que minha completa falta do que dizer se transformou na comovente memória de quando dei meu primeiro beijo. E, para exemplificar onde chega o desespero da falta de musa, até sobre os estacionamentos onde deixo o meu carro já escrevi em época não menos desajeitada que essa.
Estar sem discurso até poderia ser facilmente superado: seria só me trancar em casa, ler, ouvir, ver… ou sair por aí, encontrar os amigos, conversar com os amigos, ouvir os amigos… ou qualquer coisa e pronto. Mas eu tenho a necessidade da escrita. Preciso.
Não ter sobre o que batucar é como tomar o veneno da monotonia. É perder a garantia da sanidade. É o começo do fim, ou é o fim.
Não conseguir escrever uma linha interessante é tão difícil quanto comer cachorro-quente com salsicha de soja em pão integral com maionese light. Não ter assunto é como olhar lua, estrelas, árvores, flores e não repará-las. Não conseguir conversar sobre nada é como se nada do que vivi até aqui tivesse acontecido de verdade.  
Eu não sei porque esse tipo de tragédia está a despencar por aqui. E só para não esquecer como se acentuam as palavras contei sobre isso, mas continuo desesperada atrás de ideia… enquanto ela não chega, vou lavar roupa. 





Uma resposta

  1. San

quer comentar? não se acanhe.

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