democracia

nunca falo pra quem vou votar. não gosto. 

não gosto porque não há muito respeito dos panfletários de plantão, os que vestem espontaneamente um partido e repudiam qualquer direito ou pensamento alheio. os fanáticos da corte não dão espaço para conversa, para entendimento, para troca de ideias. nem para expressar o que a própria bandeira pensa, quer, projeta – muitas vezes nem sabem, estão no coro de que o deles é melhor e pronto. 

nessa conversa rasa de bar, em que o facciosismo vale mais que informação, não é possível a livre expressão. tenho ouvidos para tudo o que me dizem, por mais espantoso que me seja, mas não fabrico palavras para tratar de minhas preferências. 

hoje, envolvida pelas conversas das ruas, me deu vontade de dizer em quem não votarei – o que quase é a mesma coisa de dizer em quem votarei. 

não votarei no Eduardo Jorge. e não votarei com pesar, com entristecimento, com grande dificuldade. o elegi meu candidato. nem curto muito o seu PV – o programa que li é vago, generalista, dono de palavras repetidas e de causas de pouca expressão na ordem prática; não 100%, claro, há coisas que concordo, admiro e torço pela realização com qualquer partido que suba a rampa, porque é ponto comum entre todos. 
apesar do PV, votaria em Eduardo Jorge se os tempos fossem outros. no futuro, quem sabe. 

as vezes a democracia é difícil. é preciso dar ouvidos às pesquisas e saber compreendê-las, levá-las em consideração. há aquela já velha e ecoante mensagem de que todo voto tem o mesmo peso e que ele deve ser tratado de forma autônoma. não. o meu voto tem peso diferente do do Chico Buarque ou da Regina Duarte ou do Lula ou do FHC, quando um deles diz em quem vai votar, carrega junto uma legião de teclas “confirma”, confie, conforme. 
por isso, é preciso avaliar. 

não votarei em Eduardo Jorge porque sei, sem ingenuidade, que ele não vencerá. não se trata da leviandade de votar em quem se eleja; a questão aqui é que minha opção seja menos um voto que combata quem eu não quero como presidente. meu pensamento sobre nossa democracia hoje não me deixa nem tentar fazer que meu candidato se torne mais forte. já seria grande coisa que ele tivesse expressão nas urnas e assim sua voz política seria mais alta e poderosa. mas o caso não é esse. sei bem quem eu não quero. e esse pensamento agora é soberano, exercerei o direito de não contribuir para sua eleição e minha única saída, me parece, será votar em seu adversário. 

Eduardo Jorge, admiro-o, reconheço-o, torço por seus bons pensamentos, estudos, avaliações; meu voto de direito é seu, mas o de fato é de outro. 

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