ouve o meu lamento

Querido Pixinguinha,

Escrevo para pedir ajuda. 

Quando você saiu daqui eu estava chegando. Não deu para conhecê-lo pessoalmente. Mas desde a primeira vez, adorei você. E sempre me senti feliz em sua companhia, até em momentos de choro – não, não é trocadilho. 

Tudo que conheci de sua arte me fez transcender. Tudo que soube sobre sua pessoa me inspirou fé na humanidade.

As coisas mudaram um pouco. Não!, pessoas vulgares, más, sem talento não são novidade. Mas elas ganharam corpo, espaços, volume. Parece que elas dominam o mundo. 

Imagino que na sua época, o negócio não era bolinho também! Mas a distância, a ignorância de um outro tempo e as fotos em preto e branco me levam a pensar que pelo menos havia uma delicadeza no ar, um pouco mais de entendimento do belo e muita disponibilidade para o simples…

Hoje há um atropelamento geral. Arte boa e coisa ruim se fazendo passar por arte sempre existiram e sempre existirão, eu sei. Mas a opção geral pela vulgaridade, a predileção pelo feio, o bobo, o vazio… essas coisas são de assustar.

Não sei que lugar você teria em nosso mundo hoje. Provavelmente seria uma dessas pessoas a se entristecer com o tolo e fazer dele combustível para continuar a luta. Ah! Eu vejo os olhos dos artistas de alma, dos que querem e ainda acreditam. Há tanta esperança e tanta tristeza e tantos desafios em seus caminhos. Há vitórias também. Conquistas decorrentes de muito suor, muito esforço, muita verdade. 

Você espalhou sementes. Ajude-as crescer na arte e na vida. Lance luz e água. 

Como te chamam de santo, São Pixinguinha, peço: olha por nós.

7 Comentários

  1. Jaime Alem
  2. Jaime Alem

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