dia de todos os santos.
os santos todos.
todos santos.
com a vontade de escrever sobre isso, fui fazer uma pesquisa. descobri que o Dia de Todos os Santos “é uma festa em honra a todos os santos, conhecidos e desconhecidos”. gostei dessa junção de palavras numa única sentença: festa, conhecidos e desconhecidos.
a Igreja Católica, que conhece os mistérios mais profundos da humanidade e sempre soube com maestria como lidar com eles, pegou uma série de caminhos até consolidar esta data para tratar de todo mundo que se lascou por causa da fé e virou mártir e de todo mundo que anda por aí, dizem, até os dias de hoje a destilar milagres.
a história dessa data é cheia de detalhes difíceis de engolir. não pelo fantástico religioso, mas pelo jogo de controle e poder que a Igreja sempre sempre sempre é protagonista.
se eu continuar a escrever sobre isso, terei que abandonar a fonte rasa de consulta e partir para outras credibilidades.
não é o caso.
para mim importa os santos desconhecidos. tipo o tio Durval ou outros que reconheci pela bondade, pelo sagrado nas ações, pela pureza dos gestos, pela inocência do olhar.
o tio Durval foi, é, o mais santo de todos os santos.
a arrogância cristã nunca vai se interessar por sua biografia límpida e boa. prefere componentes mais apelativos e dramáticos. prefere sangue e barbárie, tramas e ódios, poder e subordinação.
eu hoje faço festa em honra do santo mais santo, do desconhecido mais conhecido. daquele que soube operar milagres quando chegava na casa da minha mãe e a tirava do choro contando suas mil histórias ou consertando seu secador de cabelos.
saravá, tio Durval!, um viva a você e ao seu anonimato salvador.