Arquivo Mensal: julho 2013

Domingos,

Eu soube  ontem que você foi embora. A Lívia me contou, os amigos me contaram, a televisão me contou. Esse sentimento de solidão me contou. Fiquei muito triste. Mais triste do que quando fui ao hospital te visitar – nunca pensei que iria visitá-lo num hospital! Mas agora sinto, minha existência egoísta, falta dessa possibilidade. Eu tenho guardados nas gavetas da memória tantos recortes da …

essa é a Curitiba que eu viajo

Estamos todos aqui, a passar frio, a bater queixo, a guardar imensos cestos de roupas pra lavar, a desmarcar compromissos e a maldizer o tempo… Mas a nossa vida curitibana é capaz de coisas impressionantes. Uma neve simbólica, uma neve que não é neve. Uma neve que institutos sérios de meteorologia não botavam fé, mas que se materializou acho que pela força de vontade da …

eu?

Insisto no fio da navalha, a colecionar mágoas a fingir sorrisos a contar acordes. Cresço em asas, sufoco raízes piso na terra miro pro alto. Olho no espelho, derramo o sol atiro em flor caminho pra frente. Colo o que sobra, varro cacos desmonto certezas orquestro movimento insono tranquila.  

as máquinas que me fizeram feliz

A primeira vez que fui feliz devia ter uns quatro pra cinco anos. Eu ganhei uma maquininha fotográfica de plástico que, ao clique, pregava uma peça: lançava água no candidato ao retrato – era como a florzinha na lapela do palhaço. Minha primeira vítima foi meu avô, que me fazia acreditar que aquilo era uma surpresa pra ele. Na segunda vez, eu precisava registrar e …

de escola e outras coisas

Eu estudei no Colégio São José. Não fui santa, não fui bem comportada, não ouvi de cabeça baixa. Mas fui ótima aluna de notas e conteúdos. Dia desses encontrei um boletim que atestava o registro mais vil em Física: sete pontos no terceiro bimestre a manchar um documento que não conhecia nada abaixo de oito (falho sistema!, nunca fui digna de sete em Física, a …

saudade

“Saudade é a nossa alma dizendo pra onde ela quer voltar”, por muito tempo concordei com Rubem Alves nessa sentença. Mas hoje, a pensar sobre pessoas, lugares, situações, objetos e toda uma fatia agradável do meu passado, discordei do mestre.Quem sente saudade nem sempre quer voltar. A saudade nem sempre é descontentamento com o presente. E eu, que sou a rainha das listas, relacionei minhas …

nove experiências

– Rua XV (o calçadão da XV é o meu chão. Devo ter dado meus primeiros passos naquele lugar. Aprendi a olhar pra cima e ver as construções, a olhar pra baixo e seguir o caminho, a olhar pra frente e reparar as pessoas, a olhar pros lados e anotar vitrines (do Rei do Disco a H Stern, da Gênova a Savoy, da Famílias ao …

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