Arquivo Mensal: março 2015

amanhã é meu aniversário

na verdade, acho que todo dia é meu aniversário. o abrir dos olhos é o renascer; cada vez que a Terra se arrodeia, cada desaniversário, cada um dos 364, deveria ser comemorado e reconhecido e agradecido e desejado e presenteado e especialmente conduzido como aquele com data certa. é verdade, cada dia com a chance de vivê-lo, de completá-lo como ciclo único e como parte …

a palavra estou em mim

tenho a impressão de que tudo que escorre para o papel é uma espécie de resquício de mim, um resto, vestígio de alguma dor ou alegria que finjo. mas, definitivamente, só finjo aquilo que sinto. talvez as palavras sejam como lágrimas. gotas que não são boas ou ruins, mas que são boas ou ruins. o eterno exercício da comunicação, a tentativa sem fim de dizer …

essa cidade me atormenta

carrego-a comigo em todos os lugares em que passo. quando saio, meu sotaque se acentua; minhas tintas ficam mais fortes; tenho orgulho e contradições a respeito das araucárias – somos isso, mas não só isso; falo de clima e parques, histórias e teatros, músicos e escritores, avenidas e bosques. viro guardiã, protetora, assumo todos os valores e até umas coisas meio positivistas despencam em mim, …

sobre quase todas as coisas

ano passado, por essa época, encasquetei que era hora de uma cadeira decente aqui pro quartinho. é preciso tratar com respeito as horas de computador. na época, elegi a boa e velha Cimo, tive meus motivos e eles cobriram várias bases, desde o conforto até a estética. meu pai tinha uma Cimo, formava conjunto com escrivaninha e armário da mesma família. escritório completo e elegante …

problemas com o blog

não tenho aptidões tecnológicas nem interesse em desenvolvê-las. sei algumas coisas porque elas já se popularizaram tanto que pra não ficar tão feio, tratei de assimilá-las. as vezes faço cara de inteligente e uso palavras como provedor, cachê, pop-up, html, byte, mas não sei se elas estão corretamente inseridas nos contextos. é fato que alimento minha ignorância todas as vezes em que coloco o manto …

para onde estamos indo? estamos indo sempre para casa

a coisa boa de ser ignorante é a condição inesgotável para grandes surpresas. mais de quatro décadas depois do lançamento, conheci Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. obviamente já me tinha sido indicado e por duas vezes já o tinha comprado. nenhuma delas durou muito aqui na estante, logo passaram para as mãos dos amigos atentos: o primeiro me disse que adorava e não tinha mais; a …

rosal

“a vida não passa de uma longa perda de tudo que amamos”, Victor Hugo. todos os dias me despeço. de tudo. o anoitecer é o adeus ao dia, é o aumento da distância da infância, do primeiro amor, dos filhos pequenos. o anoitecer é dizer mais uma vez, reafirmar de aceno, que aquele sorriso foi embora, que o brilho do olhar virou, que há um …

50 mil compassos: sem roupa nem rímel, ou como soprar dente de leão

os amigos, e só eles, têm me falado para publicar livro. querem que eu tire daqui, desse lar azulzinho e protegido, minhas particularidades e as transforme em papel, ISBN, livraria e fracasso de vendas. meus amigos não sabem o sacrifício que é exibir tudo isso. essa é minha luta diária. é o meu exercício constante de humildade. me dispo, consciente das limitações, e atiro no …

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