Arquivo Mensal: fevereiro 2019
penso nessas casinhas de beira de estrada. pouca coisa me enternece desse jeito. seus cuspes de fumaça azul; os latidos daquele cachorro preto; o portãozinho entreaberto, madeira gasta de chuva e sol, ninguém passa por ali, mas ele existe como guarda e resistência. numa dessas casinhas, eu sempre penso, alguém cuida das galinhas e alguém cuida das couves. e à noite, depois da canja, há …
agarrar a porção da noite que está marcada como destino de cada um, que é cais, saída e chegada, espalhar cada uma das estrelas nos cantos do espírito nas encostas da alma nas esquinas dos pensamentos carregar as fatias das noites mais escuras como se fossem brilhantes e pensar que brilhantes também são pedras que sempre estiveram crispando, cintilando, piscando, antes de se anunciarem. saber …
quando eu era menina tinha uma bonecaela choravapara ela parar de chorareu fingia que cuidavaque amavaque agradava e ela fingia que parava.cresci achando que quando eu chorassee alguém fingisse amore me agradasse e simulasse cuidadoso certo era eu fingir que parava de chorarmesmo que por dentro todo o peito sem pilhas e sem cordasse contorcesse em dores e berros. quando eu era menina tinha uma bonecaela choravapara ela parar de chorareu brigavafalava uns …