Arquivo Mensal: junho 2021
por sorte moro em um lugar com muitas janelas e delas posso observar os mais diferentes acontecimentos. daqui vejo gatos que se enfrentam sem a força física. ocupam a voz para impor o vigor em duelos que duram muito tempo. estáticos se dizem sobre território, domínio, limites. frutas, silenciosas frutas, esverdeiam, amarelam, avermelham-se e, doces e maduras, se espatifam na calçada para a sorte de …
estou em Portugal. um endereço novo para a velha carcaça que ainda consegue se jogar em sonhos mal planejados e planos super extravagantes. aqui – cercada de montanhas que não sei os nomes, de flores que não obedecem a chuva e rios que se desesperam em correntezas disformes – descubro, todo dia, uma nova urgência. abarroto os dias com urgências. antes de dormir, olhos vidrados …
não fume, me dizem. não preciso da nicotina, do tabaco, das mais de não sei quantas substâncias e venenos. não preciso do câncer, nem do enfisema. detesto o fétido nas roupas e na pele. aqueles minutos de nada; a brasa e o cinza; o girar do isqueiro, o clique e a chama. a fumaça. e sobretudo o silêncio. o momento de silêncio e solidão, este …