Há um mar aqui. E esse mar é colorido, fala várias línguas, tem muitos hábitos e pinta a paisagem com hinos e gargalhadas.
Nunca gostei de multidão. Nunca me senti tão bem com tanta gente por perto.
Não há possibilidade de caminhada qualquer que dure mais que dois metros sem sorriso. As gentes do mundo são divertidas, de bem com a vida, leves, felizes. Todas as gentes estão dispostas à comunicação, à solidariedade, ao papo de Babel de falar de um jeito e ouvir de outro.
Todas as gentes do mundo se encontram e dão as mãos e fazem poses para os retratos e contam um pouco de si.
Não há fronteira, limite ou noção do ridículo. As gentes do mundo estão dispostas à felicidade.
Mutante, hoje, suíça, francesa e argentina.
Serei suíça porque os conheci simpáticos, gentis e cheios de pontualidade nos sorrisos debaixo da asa direita do Cristo.
Francesa! Certamente serei francesa! Porque estou a provar na pele o simples significado de liberté, egalité, fraternité. Serei francesa sempre – sempre que for possível, sempre que isso não machuque minha vida verde e amarela.
Argentina, sim senhor! Torcerei para Argentina, porque desde que cheguei por aqui há um grupo de 57 torcedores que me acompanha dia e noite. Eles se revezam em lugares, horários, condições. Onde estou, estão. Para onde viro a cabeça, os enxergo, ouço e converso. Antigamente os achava uma praga a brotar nos lugares, hoje, sou contagiada por eles.
Hoje, só por hoje, torcerei para Argentina.
E como aqui não é preciso saber nada de futebol para ter direito a fala, sigo com meus palpites:
Suíça e Equador: 2 – 1
França e Honduras: 3 – 1
Argentina e Bósnia e Herzegovina: 4 – 1