a inflação rejuvenesce

já fazia um bom tempo que não me acontecia coisa parecida.

agora pouco fui ao mercado tratar do habitué para o final de semana. as compras são praticamente as mesmas na temporada de sexta-feira, uma coisinha para mais, outra menos a depender do movimento da casa.

a pilotar o carrinho passei pelos eternos corredores de todas as semanas. um pouquinho disso, uma porção daquilo, 100 gramas deste queijo, 250 daquele, esta bandeja e mais esta.

porque pela manhã saí em trajes civis para compromisso que não exige carteira, documentos, cartões e outras formas de identificação e renda, à tarde resolvi seguir na mesma balada e só peguei umas cedulazinhas para as compras.

ó erro, grande erro!

todas as notas de mercado são ridículas! não seriam notas de mercado se não fossem ridículas! no caixa, surpresa tão rude. a conta era maior do que a grana que eu tinha. em vez de simplesmente encerrar o episódio e voltar pra casa, fiz o movimento de recuar alguns passos, a tirar itens já computados e ensacolados.

o rapaz do caixa ia comandando a humilhação pública segundo seus critérios de economia. ele foi delicado, mas não houve jeito de encarar com bom humor: tire o vinho, troque a marca do café, quer que pegue outra manteiga pra senhora?

eu, lacrimejante, já não tinha forças para decidir sozinha sobre a cesta-básica e deixei que ele tratasse do que achava mais prudente. mas ainda me restou fôlego para pedir que deixasse a palavra senhora de lado, naquela situação eu estava mais para outros tempos, em que nas irreflexões juvenis sempre me faltava grana para pagar todos os escolhidos do carrinho.

je suis fatigué!

quer comentar? não se acanhe.

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