as girafas

não tenho ponto de partida para essa simpatia com as girafas. acho que nasci assim.

quando eu era menina e algumas almas faziam coro a gritar no recreio gi-ra-fa, gi-ra-fa eu ficava um pouco triste por causa da vontade de depreciação, mas em meu íntimo sorria quieta. e pensava que se nascesse de novo, gostaria de nascer girafa e apostava que naquele mundo outras iguais a mim não gritariam me-ni-na, me-ni-na na tentativa de me entristecer. pensava que no mundo das girafas não existia tentativa de piorar a vida de ninguém.
ainda acho isso.

quando penso naquela cena em que girafas correm livres nas savanas, uma doçura selvagem me percorre. também gosto de todos aqueles movimentos desajeitados, estabanados, que contradizem o que poderia ser uma natural elegância oferecida pelo pescoção.

olhar girafas sempre me acalma e quando vi uma coisa sobre o quão agressivas elas podem ser, ainda assim, minhas intensidades não diminuíram.
o National Geographic não conseguiu me convencer com suas palavras confusas “articulações esferoides dão flexibilidade e permitem que a cabeça seja lançada como um estilingue / às vezes miram o corpo para atingir órgãos vitais com apenas uma pancada / dá para ouvir o golpe a 100 metros de distância”.
perdoai, eles não sabem o que dizem!

não sei quando começou essa minha disposição, mas acho graça dela e me conforta ver que virei um alvo fácil para uma coleção que se multiplica.
e que também as tentativas de ofensa se converteram em uns pensamentos de pena de quem tentava me incomodar.

quer comentar? não se acanhe.

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