balanço

2022 passou por mim sublinhando as linhas da saudade. 

nunca antes havia passado tanto tempo sem ver a Lívia. o Dé veio e foi. Sergio viajou para o Brasil uma vez e depois mais outra e lá está. a visita do meu irmão durou o tempo de três nascer do sol. 

as festas de fim de ano se apresentam de um jeito inédito. sozinha em casa, aproveitarei o tempo para arrumar o guarda-roupa e escrever um artigo. 

estar quieta aqui não é tão ruim. vejo vantagens em alguns pormenores que me animam como se fossem importantes. 

fiz coisas interessantes em 2022, é verdade. acho lindo ter começado o ano com lançamento de livro e terminá-lo com a conclusão da dissertação.

mais do que isso, entendi, própria pele, algumas teorias que eu afirmava no conforto da distância. 

decolonização, luta de classes, especulação imobiliária, xenofobia… suas grandes mazelas e minúsculas superações passaram a existir, para mim, também no campo da experiência. 

no desequilíbrio dos chãos, em alguns dias caminhei 22 mil e poucos passos, em outros, apenas 31. 

conheci pessoas e flores, histórias e jardins, ruas e lojas, leis e restaurantes, festas e luzes.

entendi que, depois dos doces que minha irmã faz, para mim não há nadinha melhor que os lusitanos. amo todos e, mais ainda, os seus nomes: crista de galo, baba de camelo, pito de santa luzia, areias, pêras bêbadas… 

2022 passou por mim com um punhado de descobertas significativas. carreguei mil quilos de algodão – algumas coisas não foram tão difíceis, mas somaram-se a outras, fiquei cansada.

não esperarei por 2023, não esperançarei por ele, não lhe dedicarei sonhos. 

apenas viro o calendário, um movimento violento, e sigo.

Uma resposta

quer comentar? não se acanhe.

Pin It on Pinterest