penso nos antigos relógios das torres das igrejas ou dos prédios públicos. também no apito da fábrica. e no trompete que anuncia a troca de turno dos bombeiros. e na campainha da escola. e nos sinos das catedrais. e no terceiro sinal antes do espetáculo. e na música do despertador.
penso neste anúncio sonoro que proclama o controle do tempo.
o controle do tempo.
são sete horas. o portão vai fechar. o início da missa. é hora de comer. a sessão está aberta. acabou o turno. a consulta foi marcada para as 15:25. bater o ponto. o horário do voo. que horas fecha? o fuso de Brasilia. o fim do primeiro tempo. o trem passa as nove. todos os problemas em 45 minutos. pagamento em hora-aula. vai chover as cinco.
manter a ordem.
o controle do tempo, dizem, é para manter a ordem.
qual ordem?
as cidades, qualquer uma, qualquer lugar, têm relógios públicos, estacionados em prédios circulados por muito movimento. boa parte não marca, ponteiros congelados funcionam como patrimônio.
como patrimônio e recado cotidiano de que alguém sempre tem a intenção de conter o tempo de alguém.
manutenção da ordem.