os primeiros dias de frio são os mais curiosos.
percebo num zás-trás que todo o meu corpo é tropical, mesmo que curitibano.
não tenho a sabedoria da carcaça. e não tenho mesmo, porque o calor igualmente me atormenta.
fico encolhida na impossibilidade de vestir mais uma blusa porque penso que se colocar uma quinta camada agora, quando chegar janeiro nada me aquecerá.
penso que se der à pele a chance de descobrir como se defender, ela acabará por vencer as adversidades externas. e janeiro, quando janeiro chegar, não será tão ruim.
ao escrever essas linhas percebo o tamanho da minha palermice: passo frio agora e passarei em janeiro. sou um corpo tropical, mesmo que antes disso, curitibano.
em Curitiba, no subtropical de altitude, sempre sentia frio. e calor.
por causa de umas condições muito particulares, não posso usar qualquer tipo de roupa. também não posso repetir a mesma calça, a mesma blusa, qualquer coisa, por três dias seguidos.
meu guarda-roupa é, sempre foi, uma aventura.
acho que gasto pelo menos uma hora por dia pensando com que roupa eu vou.
e o samba, cadê? sou um corpo tropical.