cumpri com o dever, exerci o direito. passei na zona, conversei com meus simpáticos e divertidos mesários. rimos e batemos papo rápido sobre chatices e coisas legais.
nos despedimos com o compromisso de nos vermos no dia 26.
três da tarde. fome. da urna direto para o café. me sentei sozinha e sozinha escolhi meu almoço.
comi acompanhada do Sir Conan Doyle que, acidentalmente e ainda bem, estava na bolsa. sossego.
outro suco, mais umas cinco páginas e pedi a conta.
a surpresa que mudou meu dia não será superada em minha memória e me injetou esperança na humanidade.
na saída, um guri sentado democraticamente do lado de fora do lugar, reclamava fome. para não ferir suas vontades específicas e comprar coisa que lhe matasse as revoluções do estômago, mas talvez não agradasse tanto o paladar, sugeri que viesse comigo para escolher. entramos. ele olhou, olhou, olhou o cardápio e apontou.
no balcão, o atendente me fez pergunta-decreto “pra viagem, né?”. antes de qualquer resposta, o gerente do lugar chegou e interferiu: “ele decide se quer comer aqui ou se quer levar”.
o garoto sorriu, sentiu seus direitos e fez a opção de levar seu lanche. o gerente ainda disse qualquer coisa que sugeria a possibilidade de que ele ficasse.
bonito saber que o gerente de uma casa no Batel entende como as coisas são, como gente é gente em qualquer lugar e como a lei que serve pra mim, bem vestida e pagante, serve pro guri, mal vestido e também pagante. direitos e deveres iguaizinhos.
chorei sozinha e fui embora me sentindo bem, pisando leve, feliz da vida…
o gerente me diz em ações que talvez, talvez!, haja salvação. e o atendente é nossa margem de erro.
uma luz…sobre nossa conversa de ontem.
acredite, se quiser, vivi uma situação semelhante na panificadora agora a pouco…
quem sabe, um recado pra nós duas: moças, ainda vai dar tempo.
que bom saber que atitudes assim acontecem, se espalham, nos dão esperanças…
o Dé, que é mais descrente, me disse que a margem de erro é de 95 pontos…