estou em Portugal.
um endereço novo para a velha carcaça que ainda consegue se jogar em sonhos mal planejados e planos super extravagantes.
aqui – cercada de montanhas que não sei os nomes, de flores que não obedecem a chuva e rios que se desesperam em correntezas disformes – descubro, todo dia, uma nova urgência.
abarroto os dias com urgências.
antes de dormir, olhos vidrados no escuro, penso que é urgente que amanhã eu organize o quarto ao lado; é urgente que eu termine de escrever os artigos; é urgente trabalhar; urgente é refazer a lista do mercado para diminuir carboidratos e açúcares; é urgente mapear os rios e suas pequenas praias; urgente, urgentíssimo, colocar o feijão de molho, levanto-me.
foi bem interessante descobrir que todas essas urgências existem e se multiplicam e me atormentam e ditam os meus dias porque estão de mãos dadas com minhas prioridades, que neste momento se reduzem ao singular projeto de ter meus amores perto de mim.
é prioritário ter aqui a Lívia, o Dé, a Dani, minha mãe, o Gu, o Zeca, a família toda; é prioritário que a Lu, a Suzie, o Vicente, o Álvaro, a Maria, a Vania, o Fábio, os amigos desembarquem logo de uma vez; prioritário é trocar as mensagens mal respondidas por beijos, abraços, conversas de meia dúzia ininterruptas de horas; é prioritário levantar brindes e contar segredos, encher a casa de gente e de música; é prioritário ouvir a voz da Rogéria e os palavrões do Spina, as histórias da Inês e a risada da Cláudia, os elogios do Fernando e o olhar da Ria.
é por causa disso que teimo na urgência de arrumar o quarto vazio ao lado e todo o resto, menos o feijão. tudo é preparação para o encontro.
por favor, fretem um avião.
Sempre maravilhosamente envolvente!!!! Cura muito, escreva muito! por aqui continuaremos a te aplaudir sempre!!!