há dias tenho pensado em Moçambique e Angola. tenho cá próprias motivações. e minhas obsessões.
pesquiso passagens aéreas, lugares para ficar, faço roteiros, me imagino voando pelos céus africanos a contemplar mais de dois mil quilômetros entre um país e outro enquanto o piloto faz o avião voar baixinho só para eu ver aquelas paisagens com cardumes de girafas correndo.
consigo pensar num safari botânico, a fotografar baobás, flamboyants, canhoeiros, tamarindos.
e as línguas? não sei quantas mil. nem faço ideia de como me preparar para os encontros com meu português-brasileiro-curitibano que fala mimosa e vina, piá e pipa.
quero muito conhecer as cidades, a vida privada e os costumes urbanos, mesmo que eles tenham semelhanças com outros que já vi.
dia desses visitei os dois países em sonho. não foi um sonho maluquete daqueles em que relógios derretidos se misturam com a persistência da memória.
era coisa mais cônscia. eu me sabia em Maputo, Beira, Luanda, Benguela. trocava de cidade, na praticidade de quem troca de rua. dobrava uma esquina e me maravilhava com a descoberta de outro lugar.
por motivo de sonho, descobri que eu tinha uma casa, mas não sabia em qual país, em qual cidade e passei a procura-la.
em todos os lugares em que entrava as pessoas me tratavam muito bem e diziam que era para eu ficar, que eu era hóspede bem-vinda.
acordei.
não permita deus que eu morra, sem que volte para lá.