aprendi com a Niu que existe uma coisa chamada ‘correição’. tem relação com formigas.
elas reúnem exército, formam tropa, agrupam-se e marcham obstinadas.
escolhem objetivo, que normalmente é um lugar.
com o alvo na mira, não há obstáculos. entrarão e tratarão, piso ao teto, dos males e pragas que encontrarem pela frente.
acabam com aranhas, insetos e todo o tipo de inutilidades que nos tiram o sono.
fazem faxina geral e se mandam em fila para sua terra natal.
silenciosas, prestam este serviço. recolhem as armas e levam junto com sua nuvem negra os perturbadores seres que se escondem atrás de móveis, aflitos em teias, entre as frestas do assoalho.
fazem a ‘correição’ estabelecem a ordem, restauram a paz e, vitoriosas, caminham para casa.
sem muitas profundidades, penso que talvez o que venho esperando através dos anos seja uma ‘correição’.
um aglomerado que entre em minha vida, retire o que não presta, carregue tudo para fora e suma no espaço.
um fenômeno que agarre minhas imperfeições e transforme os meus chãos em ambientes tão limpos que eu possa me deitar ali e dormir tranquila.
aguardo o milagre da correição, com este nome tão inspirador, para me salvar dos insetos que roem, cupim na madeira, os meus mais difíceis enganos.
trabalhem, formigas!