Conheci pessoas de todos os tipos. E me agradei ao percebê-las. Sou uma interessada na vida alheia, na história do outro, no que me cerca. Tenho fascinação pelo humano e vontade de saber tudo das outras cabeças.
Muitas vezes estabeleci relação de observação, a anotar em silêncio o que girava nos degraus das conversas. Noutras tive que fazer papel de repórter para decifrar as espirais de forasteiros.
Eu acho que a grande coisa das relações humanas é que ninguém é expectador, plateia sem interação. Quando uma história chega, ela passa a fazer parte de quem a ouve. E também acontece o incrível fenômeno de o audiente acabar por se descobrir no outro, se decifrar no diferente, se reconhecer no diverso.
É bacana como as conversas nos colocam como iguais: a espécie. Mesmos dramas, sonhos, vontades, medos. As expectativas são quase as mesmas pra quem vai de carro e pra quem mora na praia, pra quem torce pro Botafogo e pra quem ouve Beethoven, pra quem vê televisão e pra quem volta de taxi.
No fundo e no raso, somos todos iguais em desejos e fraquezas, o que muda um pouquinho é a forma, mas o objetivo é o mesmo. Bem por isso é bom não fugir do espelho e também estar atento ao pergaminho ao lado, lá tem muita coisa nossa.