procuro por um tempo onde não precise distribuir explicações inúteis ou novidades que se esparramam como água em cima de guarda-chuva.
nesses dias de comemorações infinitas e inumeráveis mensagens, queria só ficar quietinha e aproveitar do silêncio dos generosos que me deixam acomodada, confortavelmente acomodada, na mansidão da compreensão.
mora em mim o desejo da ausência, o capricho da existência plácida e da paz universal de meu próprio umbigo.
comigo está também esse sentimento de voar feito passarinho. coisa pouca, distância nenhuma, só o voo despretensioso e sem objetivo pelas cores pasteis que não mexem com o espírito.
anseio pelo encontro com o mar. dias calmos, imensos, ensolarados, inesquecíveis.
quero todas as notícias que falem de amor e que elas me cheguem em garrafinhas de vidro; ondas silenciosas. provas de amor de outras vidas. amor para florescer em versos alheios e fazer o mais descrente dos homens acreditar. recados amarelados de amantes apaixonados, enlouquecidos, esquecidos. bilhetinhos sem nome, delicados e entregues ao sentimento.
quando eu estiver na praia, a colecionar cartas, quero que meu amor me apareça, vestido de branco, olhos no infinito dos meus olhos, me estenda a mão e me convide para o passeio de final de tarde, quando o céu se pinta e a brisa sopra.
de mãos dadas, em frente ao mar, nada será dito ou perguntado. nenhuma palavra ou explicação, ansiedade ou medo. tudo será céu, sol, sal. tudo será música e poesia.
e tudo será verdade.
e tudo será verdade.