fiz uma limpa no guarda-roupa.
vestidos, calças, camisetas, meias e calcinhas que não usava foram embora para nunca mais.
abri as janelas do quarto e deixei o vento correr pelas paredes, pelo chão, pelo teto, atrás da porta.
saiu a velha cômoda e todas as suas gavetas e puxadores e marchetarias e pés palitos.
desmontei a cama e dispensei seus 429 parafusos, os cortes laqueados, as junções e os apoios.
tirei os livros, bloquinhos, canetas.
empurrei a mesinha, afastei a cadeira.
remanejei as plantas.
eco.
mudei toda a roupa de cama com a alegria do sol quente que se anuncia e perfuma tudo.
na ciranda, a configuração do quarto mudou.
colchão no chão, a cabeça para onde o sol nasce. quase nada em lugar algum.
quase nada em lugar algum.
nada.
lugar algum.
um minimalismo que convive com seis travesseiros e nenhum exagero.