grisalha

não foi uma decisão engajada, politicamente pensada ou esteticamente avaliada.
nos últimos tempos, tenho acordado com a ideia de que meus cabelos brancos tomarão toda juba.

pronto. chega de hena, chega de disfarces, chega de tapar o sol com a peneira – ou os grisalhos com o castanho dourado.

resolvi, e isso não quer dizer nada, que cada fio branco terá o respeito que merece e mesmo que todos eles deixem de se concentrar naquela mexa que começa na testa e é um misto de Mortiça Adams e gambá de desenho animado e ganhem toda a cabeleira, ainda assim os curtirei.

ter cabelo branco não diz nada sobre mim. não diz nada sobre ninguém. a considerar minha experiência, não fala nem de idade – os dois fios reprodutores se encontraram quando eu estava na casa dos 20.
não trata de vaidade, de autoestima ou de segurança.

não é nada. nadinha. branco. como esta página deveria estar.
só escrevo para satisfazer quem me pede explicações sobre.

quer comentar? não se acanhe.

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