minha irmã achou melhor não me aventurar pelas ruas paraguaias com meus longos vestidos.
compramos couraça apropriada e vestida com as roupas e as armas de Jorge, segui. seguimos.
a guerra do Paraguai não é coisa fácil. lugar onde os fracos não têm vez, é preciso toda sobriedade de espírito para a luta. os infortúnios são muitos, falta banheiro, sobra gente, tem terra e água (o que significa lama). mas guerra é guerra, com faca nos dentes fui vencendo obstáculos, contornando problemas, aceitando desafios.
Ciudad del Leste é nossa Saigon fronteiriça, o purgatório, o inferno na terra. como se não bastasse tudo, ainda tem tudo… pobreza, miséria, nada de higiene, nada de confiável. o pior da China, o pior do mundo. mas há gente e onde o humano pisa, tudo pode surpreender. pessoas solícitas na sobrevivência, dispostas, com coragem para enfrentar horas da difícil competição de vender a mesma coisa com o mesmo preço que o colega, o irmão, o vizinho, o patrão. alguém se entrega? há falta de cuidado com nosotros? não! todos da maneira mais cordata que existe debaixo da linha do equador, e acima dela também, estendem sorriso, puxam conversa e servem. servem, servem e servem tanto que dá um apertinho no coração, uma quase revoltinha contra o capitalismo. depois passa, melhora, as teorias voltam cada uma para o seu lugar.
cansadas de perambular, entramos num carro, que não sei dizer modelo. se comparasse com chinelo, diria que o táxi era o Rider do pedaço. prometia ar condicionado e manobras rápidas, não entregou o primeiro e surpreendeu no segundo…
sã e salva voltei pro hotel como saí: nada nos bolsos ou nas mãos.