I AMsterdam

fiz poucas anotações de viagem em Amsterdam. não por falta do que falar, ao contrário; o texto seria sem fim, cheio de adjetivos, pormenores e exclamações…

estou em deslumbramento total!

a vontade maior de unir em minha vida cotidiana coisas que acredito que tornam a caminhada mais interessante se afunilam aqui, nesse lugar surpreendente que revela de jeito divertido o que deveria ser comum, mas que teima na raridade mundo afora: respeito, liberdade, gentileza, sorriso, civilidade, informação, formação, educação, cultura, simpatia, comunicação, beleza, tecnologia, inteligência… e um tanto de outras coisas do tipo obrigatórias e escassas. 

como tenho o privilégio de passear com a melhor das guias, ela vai me mostrando e me explicando o sentido de tudo aquilo que me maravilha os olhos. mais, me revela hábitos, me conta histórias, me aponta detalhes, me faz surpresas incríveis, impensadas. 
tudo que Lilia me mostrou e me explicou de Amsterdam me fascinou e seduziu. 

gosto dos holandeses que estudam a água, que não se intimidam e avançam e controlam e plantam suas palafitas ha séculos como se fossem blocos de brinquedos, mas que estão lá, a solidificar e provar todos os dias inteligência e informação. 
gosto de acertar meu relógio pelo horário do ônibus, que não atrasa, não pára, não recua, não dá zica. 
gosto de conversar com atendente, garçonete, motorista, advogado, médico, feirante. parece que todo mundo fala o holandês de nascimento, o inglês por osmose, o francês e o alemão porque a escola ensina e mais uma ou duas línguas por vontade e interesses próprios. 
gosto dos holandeses que sorriem. que simplesmente sorriem e vivem e reconhecem no simples motivo para sorrir. 
gosto dos holandeses livres que dançam quando a música toca e eles têm vontade de dançar. e dos que, na data nacional, vestem suas antigas fardas de guerra para lembrar com respeito da história de seu país. e dos que se colorem de laranja para saudar a realeza. e dos que pedalam de terno, gravata, saia, scarpin para chegar ao trabalho ou de jeans e tênis para ir ao cinema. 
gosto dos holandeses que se sentam num bar apinhado das gentes de todo o mundo que lotam o seu país e, ainda assim, sorriem. 

gosto, sobretudo, de todas as diferenças que circulam livres e se permitem serem, apenas serem, sem apontamento, sem explicação, sem inadequação, sem problemas!
o que mais gosto é justamente o que não deveria ser característica desse lugar, mas regra natural e imperceptível em toda a humanidade.
li numa plaquinha de um bar a síntese: “Doe maar gewoon, dan doe je al gek genoe!”. é isso!

arrumo forças para sair daqui em detalhe que forço registro como defeito, mas completamente contornável: o frio.


quer comentar? não se acanhe.

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