Eu comecei o ano como começo quase todos os dias: espinha ereta, cabeça a trabalhar e coração aos pulos.
Estava na cama quando o calendário virou e até já tinha dormido quando os fogos começaram. Acordei. Ouvi. Li. Respondi. Dormi.
Eu não sou fixada em datas. Nunca fui. As datas que obedeço são aquelas de prazos para entrega de trabalhos, de compromissos profissionais, de viagens de férias, de passeios, de encontros com os amigos, de festas particulares…
O que assinalo no calendário é o que muda minha vida. Não tenho dia fixo para renovar esperanças ou para refazer os planos ou para abandonar ideias inúteis. Todo dia é dia. Sexta-feira à noite é data para começar o regime, sábado à tarde é horário de reunião de trabalho e quarta pela manhã é dia para descansar na praia.
Vivo assim desde sempre. O que me livra de preocupações desnecessárias e me deixa mais na dimensão daquilo que escolho pra mim do que na marcha da boiada.
Não conheço as solidões, as vontades, os preparativos, as esperanças, as aflições, os desejos de final ou começo de ano. Não tenho as contaminações externas.
Tenho sim, e muito, as erupções internas. As verdades a estampar o espelho, a cutucar a alma, a desencadear tudo a qualquer época, a qualquer tempo.
A vida é, não se distrai por conta da data.
Respeito quem pensa diferente do que eu e prefere sonhar, planejar e executar a vida a partir da ordem gregoriana.
Mas para mim, todo dia é dia de arrependimento, de perdão, de reconciliação, de amor, de renovação. Eu acho que os sentimentos não conhecem a folhinha.
2014? Tudo bem!, vamos em frente, ano civil começando, ano interno se desenvolvendo…
Adriana, que lindo. Salve todas essas pérolas escritas. Publique-as, colcha de preciosos retalhos, das mais diáfanas sedas.
Quando eu crescer e tiver 1,80, também quero ser assim.