voltar a escrever é como encher os pulmões com todas as purezas das seis horas da manhã.
meu silêncio no papel começou tímido, sem grandes demonstrações, procurando não chamar muito a atenção.
eu não queria ter que explicar. não saberia.
depois, com o passar de nada atrás de nada, algumas pessoas notaram e gentilmente me perguntaram.
tentei acenar com a verdade, mas pouquíssima gente até hoje me entendeu quando eu estava quieta. ou pouquíssima gente quis entender, não sei bem.
fui adoecendo por falta de palavras.
ao me descolar do texto me perdi de mim.
nessas horas, de fundamental ajuda, não encontrei ninguém. e também não corrompi minha natureza e meus entendimentos para exigir atenções desespontâneas.
sozinha rasguei mil folhas, sozinha as colarei, queimarei, comerei ou sei lá o que.
esta postura altiva ou ridícula ou de quem começou a tomar uns antidepressivos é só para reafirmar o que já sabia, o que sempre soube.
também para despejar ressentimentos e escrever umas palavras de que não tenho nenhum orgulho e provavelmente me levarão ao arrependimento, mas que cumprem a missão de me trazer novamente ao texto.
de que adianta voltar a escrever para produzir esse tipo de coisa?
a resposta é assombrosa, espetacular, barulhenta e indivisível.