agarrar a porção da noite
que está marcada como destino
de cada um,
que é cais, saída e chegada,
espalhar cada uma das estrelas
nos cantos do espírito
nas encostas da alma
nas esquinas dos pensamentos
carregar as fatias das noites
mais escuras
como se fossem brilhantes
e pensar que brilhantes
também são pedras
que sempre estiveram
crispando,
cintilando,
piscando,
antes de se anunciarem.
saber que a carga da noite
já não existe inteira
e que nunca existiu
não há noite inteira
nem seus pedaços
as estrelas transformadas em brilho,
quando crispam, cintilam e piscam,
são o passado
e explodiram no infinito do tempo
carregando reticências,
ladeando realidade.
quem embala sua porção de noite,
ciranda bêbada,
no colo dos dias
ou arrasta as escuridões
por caminhos de sombra,
comete o desafio do tempo,
dá as mãos ao passado
pisoteia o futuro
apaga o porvir.
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