nas minhas viagens, não importa o lugar, do Chuí a Nova York, de Piraquara a Roma, tenho sempre o grande objetivo de olhar as coisas, as construções, a ocupação dos espaços, a pressa alheia, a comida que se come e a que se serve, a música das ruas, as programações de ordens culturais e, sobretudo, as pessoas.
gosto de saber das pessoas. ouvir histórias, observar comportamentos, conversar com quem não conheço, trocar opiniões. gosto! é minha curtição.
o que nunca tenho como objetivo é fazer compras. nunquinha. todas as minhas compras de viagem são consequência, nunca causa.
agora, apesar da saudação da amizade, viajo sozinha. joguei meu corpo no mundo e trato de todos os interesses, dessa vez sem ter quem cutucar para apontar pessoa, coisa ou fato. vou costurando tudo sozinha.
o tempo passa, o tempo voa, e eu entrei de novo na Lafayette! e o que aconteceu comigo na terra em que não sou mãe nem guia nem exemplo nem responsável? fiquei louca e de Channel a Louis Vuitton, de Dior a Prada, de norte a sul e de leste a oeste quis me entregar às compras, ao prazer das compras, ao luxo lascivo e desmedido das compras…
absolutamente tudo me encantou e ouvi, primeira vez, o canto dessa sereia. já estava a estalar dedos e escalar pessoal de venda e entrega à domicílio, quando ergui a cabeça e vi o prédio. contemplei a arquitetura, os vitrais, as luzes.
junto com essa visão me picou o mosquitinho da curiosidade sobre a história e eu passei de compradora compulsiva à antropóloga com lupa.
fui salva aos 45 do segundo tempo, contemplei tudo que estava à vista com a pechincha de gastar 15 euros numa taça de champanhe. saí sã, salva e de vestidinho de algodão e tênis nos pés, exatamente como entrei.
e saí com a satisfação de ter feito inesquecível passeio.