na última porta do armário
naquele lugar que não vejo
não alcanço e não sei
uma antiga lembrança.
preciso das pontas dos pés
dos braços estendidos
do pescoço contorcido.
preciso dos olhos atentos
da alma lavada
do olho comprido.
revejo fitas, cartas, papeis
descubro notas, correntes, anéis
recupero fotografias, desenhos, pincéis.
uma caixa cheia de vida
entupida de pequenas mortes
um baú de sonhos esquecidos
entulhado de feridas suicidas.
as horas passam por mim
de mãos dadas com todos os anos
no final, um cheirinho de jasmim
e a navegação de mil oceanos.