Bem no meio da semana, uma quarta-feira. Desengonçada, boba, meio-termo. Não serve nem pro começo, nem pro final da jornada.
Se colocou aqui no meu calendário como terceiro dia, apesar da esquizofrenia desse nome. Reclama para ser dia útil mas se exibe assim, cheia de sol, de azul, de convite.
Uma das obrigações inevitáveis para essa quarta qualquer é ida à feira, começa às sete, termina onze e pouquinho. Pastel, pamonha e queijo desobedecem a ordem e se instalam como pecadinhos permitidos em dia de trabalho.
Outra visita irremissível é à conta bancária. Pacote de chuchu de um lado, sacola de laranjas de outro e embrulhos coloridos e cheirosos provavelmente me deixarão presa na rotatória da agência. Tentarei pedir clemência ao segurança, hoje é quarta-feira, por favor, me deixe entrar. Duvido que ele tenha essas sensibilidades.
Teve uma época que quarta-feira era dia de bilhete barato no cinema, não sei se isso ainda existe. Mas essa é a prova de que a semana repete, folhinha após folhinha, essa data de pasmaceira, em que é preciso esforços para se fazer viver, para não desistir da luta.
Pra variar, e pra esculhambar, o domingo podia cair numa quarta!
Quando a data é especial, há cinzas. De Fenix, de Bennu, de Quaresma, de ramos… mas essa é uma quarta qualquer, quarta de formiguinha, que insiste, que chicoteia, que coincide com o 23 e com a superação da preguiça.
Como Mercúrio demora quase 88 dias para dar uma voltinha em torno do sol, tenho a impressão de que miércoles deve ser o mais rápido dos dias… por isso, é bom parar de batucar e tratar da vida, antes que seja quinta…
hehe