por conta de umas confusões paralelas me interessei pelo bordado.
a borda, a margem, o limite sempre foram questões centrais em minha vida.
entre a beira e a possibilidade de resposta, reina a pergunta.
depois de passear despreocupada pelo desenho, pela pintura e por algumas outras invencionices artesanais, cheguei ao bordado.
ao bordado livre.
por causa da borda, do dado e da liberdade.
comecei a namorar com tecidos e linhas, cores e texturas, agulhas e tesourinhas.
o texto temperou o ritmo do vaivém e entre um ponto e outro bordo as perguntas que me assombram e me inquietam.
não procuro respostas. às vezes encontro.
também não me concentro na técnica e deixo que a letra infantil e inquieta dance imperfeita no pano. porque são assim as questões que me surgem: livres, desregradas, bambas.
enquanto sublinho os limites e tenho a satisfação de perguntar, preencho qualquer coisa de existencial possível no espaço vazio do tecido.