olho em volta e nem acredito no tanto de coisas inexplicáveis que acontecem. o tempo todo. todos os dias. sem trégua.
tenho vontade de me afundar num choro infinito ou num pote de brigadeiro. obviamente nenhuma das medidas serviria pra alguma coisa, a não ser atrapalhar ainda mais minha vidinha, claro.
não me resta muita coisa que seja diferente de um otimismo sem fundamento, um agradecimento meio hipócrita e um reconhecimento às boas brisas que me sopram. é isso ou enlouquecer. é a defesa de uma depressão que poderia, estalar de dedos, me levar para um buraco sem fim.
sorrio para minhas ridicularias, as reconheço como partes de minha humanidade, procuro abafá-las, deixá-las menores.
faço todos os esforços para seguir. e sigo. capenga, meio amputada, maldizendo fatos, mas sigo. como nas palavras de Fernando Pessoa, Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo / À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. e isso as vezes é cruel e as vezes é a salvação.
sigo.
e se caminho é porque em alguma coisa acredito. e tenho fé. e empenho forças. e vou. só vou e pronto. devolvendo atenções e compreensão, tentando melhorar um pouco a vida de quem vaga injustiçado pelas falências da esperança. e me olho no espelho e as vezes penso que é esse o objetivo da minha existência, sempre a mão estendida e um soluço disfarçado de sorriso. sou mártir, e com toda a mentira que existe no título, sigo.