sou uma especialista em contar minha história. não que isso seja relevante para alguém, mas aprendi que compartilhar olhares e sentimentos é um jeito de estar no mundo e se conectar com sentimentos e olhares.
foi vendo e observando algumas pessoas que pude ter a alegria de grandes encontros.
às vezes pessoalmente, em relações intensas.
noutras, à distância, na distância física, na distância do tempo.
quando eu tinha uns vinte e poucos anos, por exemplo, me apaixonei pelo Mario Prata. era vidrada nele porque li umas entrevistas, umas crônicas, uns depoimentos, umas coisas que ele pensava e falava. estava conectada, mesmo com toda a distância que me separava dele.
várias, muitas, primaveras depois, tive a sorte de conhecê-lo e trocar e-mails e gastar milhares de horas de skype e dar risadas e encontrá-lo pessoalmente e ensina-lo sobre os prazeres do Havana Club e várias coisas. estava conectada no mesmo tempo e endereço.
é por acreditar que quando uma pessoa se mostra a outra é que acontece a maravilhosa possibilidade de ligação humana que continuo a batucar tudo que me comove.
o assunto que consigo falar com o mínimo de conhecimento de causa sou eu mesma e como vejo o mundo. é para esta ficção que quase estou preparada.
demoro tanto a responder a pergunta simples, reta, direta, que um amigo me fez, por que você foi morar em Portugal?, porque preciso reunir muitos recursos emocionais para tal.
não é um texto simples.
eu sou o assunto que mais conheço e ainda assim fico admirada com as surpresas e novidades que encontro a cada nova fotografia.
selfie.
revelação.