não sabia direito o que fazer com o dia mais longo do ano. acordei cinco e pouco, como sempre. repeti o hábito de ficar na cama até umas seis e meia.
sete eu estava na sacada tomando café e pensando que até sábado eu não sabia que o natal era nessa semana. fui tentada a falar para mim mesma que este ano voou, depois lembrei daqueles dias arrastados, infinitos, em que não tinha movimento na rua e parecia que o tempo tinha parado de escorrer.
às oito, repeti a leitura dos jornais, as mesmas manchetes, os mesmos absurdos, os mesmíssimos escândalos que não param de me surpreender, apesar dessa repetição.
nove horas e lembrei que hoje tinha água. dia sim. roupas na máquina, pano no chão.
não sei o que aconteceu até o meio-dia e tomei banho.
almoço, café, leitura, escrita e quando vi o relógio batia 17 vezes, tumbalalalá, tumbalalalá, tumbalalá.
fui arrumar os livros e percebi: o dia mais longo no sul do mundo era noite.
mais um dia. menos um dia.
júpiter e saturno se alinharam. é solstício de verão, o natal é daqui a pouco.