a poesia está em mim como a música. sou uma amante submissa, que admira, se encanta, entende, alcança. e só. e já é muito.
vez ou outra cometo a saliência vulgar de tentar o que não sou. a poesia é generosa e me deixa passear inocente entre seus versos, abre sua casa e me chama para que eu entre, para que eu visite, para que eu durma. depois, cheia de gentilezas e certezas, coloca minhas coisas na bolsa, se despede e me diz para voltar outro dia. a poesia me manda embora. obedeço.
eu sou prosa. sei que sou. e sei o que define isso.
essa eterna narrativa na minha cabeça a respeito de tudo que acontece dentro e fora de mim não parte dos versos, não se forma com rimas, não tem métrica nem estruturas sintéticas específicas. é um texto corrido que descreve e explora tudo à exaustão.
nunca serei poeta porque meu jeito de ver a vida não passa por essas lentes. ser poeta é muito mais que arrumar as frases no papel, é bem mais que alinhar os pensamentos e percepções dentro das palavras certas, é além de metáfora ou ritmo.
minha sede de infinito é dentro do texto, modo coloquial. é assim que trabalha minha cabeça, assim que eu vejo e narro o mundo.
se vez ou outra escorrego pro outro lado é com todo o respeito e sabedora dos limites.
ser poesia é lindo. ser prosa também.
sim,
mas você é prosa marsupial
carrega em sua bolsa,
a poesia..