música Arquivo
não poderia ter acontecido em outro lugar, em outro dia, com outras companhias. não dava para ser diferente. até eu, que nego o destino e acho que cavo dia após dia minhas escolhas, tenho que dar a mão à palmatória e me redimir desse pensamento tão cartesiano. fui vítima do bom destino em toda sua glória e resplendor. lançar livro não é coisa fácil pra …
acho que me comporto bem. não estou azucrinando ninguém, não faço drama, não sou insistente. importante: não criei grupo para ficar monologando sobre. tá certo, mandei um ou outro Whatsapp a modo de desabafar e comunicar meus passos atuais. mas fora isso, estou carregando muda esse drama do lançamento do livro. mas minha pele pipoca, o estômago dói, tenho pesadelos. essa situação é complexa para …
tenho frustrações. a mais pública, e talvez a mais confessável por ser menos feia, tem a ver com a música. nunca aprendi a tocar nada. sempre quis. mas faltou a disciplina necessária, dobrada, para uma sem talento como eu. todas as minhas tentativas tropeçaram, caíram e foram soterradas num buraco. estou para sempre ali na zerésima escala. e quando tento fugir, num único passo corro …
repare na estampa dessa mulher. obviamente ninguém precisa da minha ajuda para conclusão unânime: linda! agora que você já viu, eu te conto: ela não é só este rosto que tira o fôlego de todo mundo. é talentosíssima. cantora. sueca. uns exemplos? tenho: cantou no Blue Note, em Tóquio, em Londres, Istambul, Moscou, Helsinque, em Paris. cantou num monte de lugares, aqui no Brasil também. …
eu que sou ateia, a toa, a toda, pela primeira vez não ouvi a voz que narra o que meus olhos sentem. por algum tempo minha cabeça ficou muda, uma linha horizontal sem movimentos ou inquietações. novidade. fui à missa. sempre que posso dou uma espiadinha nos rituais. gosto. sinto inveja da fé alheia. dos momentos católicos, já vi aquelas maravilhas nas grandes catedrais europeias, …
há anos fui escalada para entrevistar Maurício Einhorn. pernas tremeram, o coração disparou, fiquei, comum em minhas ansiedades nervosas, gaga. eu era fã do Einhorn. e é difícil manter a espinha ereta diante do ídolo. aliás, nenhuma fã deveria ter obrigações profissionais com o ídolo. para minimizar as possibilidades de vexame, pedi ao Silvio, querido Silvio, que me ajudasse, que fosse comigo e me segurasse …
sinto a despedida. o verão me acena seus últimos suspiros. essa virada de ciclo sempre me assusta e impressiona. a brisa fresquinha, o amanhecer a apontar 14 Célsius, a noite se apresentando no horário do dia. as folhas cairão, o sol se esconderá mais rápido. e, sei, sentirei a lembrança das tardes azuis a fazer fundo na casa de madeira da minha avó com a indestrutível …
amor à primeira vista é coisa arrebatadora. gosto quando isso me acontece e, ainda bem, acontece com grande frequência. o primeiro sinal percebo nos olhos, espelho de contentamento. a corrente se espalha, explode, estilhaços pelo corpo: sorriso, abraço, conversa. o amor à primeira vista é um curto-circuito. o grande lance, pra mim, é deixar que a emoção se repita e cada novo encontro seja assim, …
Tom querido, pela primeira vez desde que nos conhecemos esqueci do seu aniversário. claro, sei que isso não faz a menor diferença pra você nem aí na sua eternidade e nem se estivesse por aqui nesse efêmero nervoso. mas o acontecido me aborrece. todo vigésimo quinto de janeiro acordava e pensava: hoje é dia de Tom Jobim! todo ano era assim: colocava disco seu na …
estava aqui meio de bobeira meio com precisão de fazer umas coisas pré-natal. como havia tempo e alguma disposição, saí. coisa boa é sair sem destino certo, sem hora para voltar, sem lugar para chegar. a ideia inicial de me envolver com as obrigações de dezembro logo se dissipou e eu já estava entregue à liberdade. marchei com o único propósito de não ter …