um dia desses pensei em fazer um lance desses ao vivo que o Facebook inventou. assisti umas pessoas e achei interessante a coisa da interatividade. uma pessoa de um lado, outras de outro, a falar meio coletivamente…
aos poucos, feito uma garoa fina, foram chegando as advertências para eu desistir da ideia.
primeiro pensei que escrevo, logo não falo. seria um tiro no pé trocar as batucadas do teclado por uma conversa sabe-se lá sobre o que.
depois, mais triste, concluí que provavelmente ninguém iria querer falar comigo. ou, pior, os amigos teriam uma piedade mansa e entrariam na página e ao perceberem o constrangedor silêncio sairiam de fininho. e eu ficaria a ver meia dúzia de gatos pingados a desistir de bater papo.
tenho uma vida pacata, vou levando os dias com o que cada um precisa, nada de muito extraordinário me acontece. não sou uma super escritora que poderia dar dicas sobre textos ou uma leitora experiente que discutiria temas teóricos. minhas habilidades de dona de casa não passam das gambiarras cotidianas. como mãe, até me saí bem, mas nada que inspire conversa, o sucesso tem mais relação com a personalidade dos meus filhos do que com minhas qualidades. sou amante discreta, não rolaria conversa sobre isso. não faço fofocas, não discuto política, não discuto nada. não entendo de vinhos ou de física, não componho músicas, não desenho nem sei cantar. na maioria do tempo estou descabelada em frente ao computador e ninguém precisa ver isso. tenho uma infinita, curitibana e inquebrável timidez e necessidade de ficar quieta.
sou feita de limites.
por isso, companheiro da TL, se você receber uma mensagem que estou ao vivo, não acredite. das duas uma: ou alguém pegou minha senha e está a barbarizar por aí ou eu tive uma síncope e perdi as faculdades. descubra o que está a acontecer e aja a meu favor.