os preparativos para o 1º de maio no meio do caminho. a festa do trabalhador, que reúne música ruim, sindicalista em protesto e sorteio de brindes que disfarçam a ruína diária ou acariciam a luta individual. tudo lá, meio espalhado e meio a se fazer de irônico cenário para cenas difíceis de encarar.
há coisas muitas nessa história toda e elas não se resumem nos nomes Governo X Professores.
não tenho paciência para falar sobre a Assembleia Legislativa e o que ela representa como “casa do povo” e como isso acontece, porque me dou ao luxo da impressão que quem tem título, vota e acompanha a vida democrática já sabe disso. inclusive contribui dando procuração de suas vontades e anseios às pessoas que por lá decidem as coisas.
também não quero falar sobre lados políticos e como um sempre ataca o outro independente da causa. tanto as pessoas que estão lá, como as que espiam as fotos e olham os vídeos sabem como isso funciona. as cores lutam entre si e encontram espaço em qualquer insatisfação alheia para tratar das próprias causas, que muitas vezes se resumem em apenas arrasar a adversária na forma mais competente, e se possível definitiva, que conseguir.
também não me ocorre a pensar, imensa reflexão, sobre como a massa se comporta, qualquer lado, sangue nos olhos e uma coragem imensa escorre por todos os poros e não há como recuar, nem usar de bom senso. excitação incontrolável depois que começa.
o Centro Cívico é nosso espelho. reflexo do que somos como sociedade, como cidadãos, como pobres ignorantes. somos todos os dois, três, quatro, doze lados dessa história. porque todos atacamos e nos defendemos, porque todos não ponderamos e todos abusamos das nossas condições. todos fechamos os olhos para os caminhos da democracia. e esse dodecágono que somos pesa feito bola de ferro em pé de prisioneiro, faz afundar no mar muito sujo da rudeza e da incivilidade.
é triste, muito triste, nos assistirmos assim, vendo a nós mesmos ocupando todos os papeis, seja por procuração de voto ou por atitude de massa.
a vaidade, o poder, a omissão, a ira, a injustiça, a mentira, a falta de compromisso, a covardia, o abuso, a ignorância, a força, a dissimulação… tudo está em nós, em cada um, de qualquer lado e é por isso que nos assistimos assim, tão cheios de nós na garganta ou de repúdio ou de medo ou de pena.
se não ventar muito nas próximas horas, depois de amanhã vai ter festa, 1º de maio, dia do trabalhador.