enquanto enfrento jornadas cansativas de pensamentos, sinto meu coração acelerar. é um tipo de taquicardia que é também um sinal físico sobre o que a mente fabrica.
nem sempre é fácil voltar à velocidade cruzeiro.
um dia desses, dentro do banco, tive uma crise de ansiedade. todo o meu corpo tremeu e eu soube, imediatamente, que jamais respiraria na vida se continuasse ali.
os dedos na minha carótida e a palpitação tum-tum-tum-tum-tum.
o medo de falar e tum-tum-tum-tum-tum.
o corpo assombrado e tum-tum-tum-tum-tum.
o olhar turvo e tum-tum-tum-tum-tum.
a vontade de estar em casa e tum-tum-tum-tum-tum.
o peito comprimido e tum-tum-tum-tum-tum.
dias mais tarde, tive um pequeno surto verborrágico e falei à exaustão com um colega de trabalho. foi um tipo de desabafo tão sincero quanto inapropriado.
estou bastante arrependida. mas nos dez segundos anteriores ao início do meu discurso, senti que ou falaria ou tantas palavras dentro de mim, todas comprimidas, achatadas, sufocadas, acabariam por explodir e nem sei quais seriam as consequências disso.
“as palavras que estavam dentro dela explodiram”, acho que esta frase apareceria em alguma boca para explicar o que teria acontecido comigo.
não consegui usufruir uma carona até o final porque soube, pelo ritmo do coração, que se não descesse do carro, mais uma vez passearia por aquela linha que limita minha sanidade e o abismo.
essas semanas têm sido assim.
é o que tenho para lidar agora. tum-tum-tum-tum-tum.
procuro por um médico que concentre características fundamentais para o caso: escute com interesse e atenção o que acontece comigo, identifique em seus compêndios o meu problema, saiba como tratá-lo, escreva com uma letra bonita para eu entender a receita e tenha disponibilidade para atendimento. fora isso, minhas possibilidades de grana precisam casar com o que ele cobra.
tum-tum-tum-tum-tum.
a tirinha é do Pedro Vinicio.