os amigos, e só eles, têm me falado para publicar livro. querem que eu tire daqui, desse lar azulzinho e protegido, minhas particularidades e as transforme em papel, ISBN, livraria e fracasso de vendas.
meus amigos não sabem o sacrifício que é exibir tudo isso. essa é minha luta diária. é o meu exercício constante de humildade. me dispo, consciente das limitações, e atiro no mundo, no meu restrito mundo de 300 leitores diários, os devaneios que me acontecem. quase todo dia é dia de dificuldade e superação. escrevo.
tem gente que diz que eu deveria escrever poesia. como sei que não escrevo poesias e nunca as escreverei com competência e recheio necessários para assim serem chamadas minhas frases deslocadas, tenho a impressão que é uma forma gentil de me dizerem pare agora com essas croniquetas de quinta!. me entristeço um pouco, mas depois reconheço o meu tamanho, baixo os olhos para minhas possibilidades, me curvo modesta diante do que posso, do que sou e sigo. nunca escreverei poesias, mas continuarei nesse exercício infinito de tentar dizer nem sei ao certo o quê nem pra quem.
é provável que esses compassos continuem guardados aqui. assim, silenciosos, restritos, sem grandes compromissos. compassos que me lançam no mundo, mas me protegem no acaso e na ingenuidade de escrevê-los. errar a medida da importância e do tamanho que têm, pode ser coisa muito indecente. superestimar os próprios traços é vexaminoso.
coisa importante: gosto do blog. e gosto tanto que o alimento e apresento para quem eu posso. aqui, vou adivinhando os meus dias ao contrário. vivo-os, depois os entendo e por último escrevo, descrevo, desmancho e os guardo para o futuro, como as cartas que rabisco, esquizofrênica e esquisita, pra mim mesma. sou um tipo covarde, mas me sobra a coragem inexplicável de estampar a vida nesse lugarzinho. é como estar sem roupa e sem rímel a contar o que me assombra, me espanta, me marca. ou como sentar num balanço de quintal e soprar dente-de-leão.
cheguei aos 50 mil acessos, esse número bobo, que não representa absolutamente nada na web, é coisa como derramar um copo de água no rio Paraná para volumar a Bacia do Prata. mesmo assim me faz alarde saber que fui lida 50 mil vezes.
comemoro, agradeço e me comovo às lágrimas. estou ainda mais surpresa e emocionada do que quando cheguei aos 30 mil acessos.
verto litros de gratidão pela companhia, que é minha certeza de continuar.
50 mil compassos! Evoé!
Esta aqui, não é uma bela poesia? http://milcompassos.com.br/magna/
Pra mim é. E muito bela, senhorita Adriana Sydor :)
Há tempos eu não lia um poema assim. Traz um certo frescor pra alma.
Querida Adriana, sempre que leio algo seu minha alma engrandece, não pare não. coloque pra fora, nossas almas enrijecidas pelo frio Curitibano lhe agradecem.