magna

tenho vontade de escrever uma carta de mil linhas. e que nela os arrepios da pele, a boca seca, o tremor das mãos, as vontades, os receios e tudo aquilo que me percorre se transformasse em palavras. e cada palavra tivesse o poder da comunicação precisa, linha reta sem sinônimos ou mudança de interpretação.

nessa carta, e só nela, eu usaria palavras sagradas, como sagrado, sossego, airoso, donaire, beijo, sol, risada, calmaria e amor. desfilaria frases inteiras com sentidos completos, as coisas do corpo e da alma.

as mil linhas da minha carta revelariam meus caminhos e todos os meus passos; transformariam, automáticas, em antônimos palavras difíceis, como difícil, defeito, cansaço, medo, não, talvez, indelicadeza, mancha e lágrimas. formariam um rosário inteiro de orações de compromisso com a felicidade.

no descanso de uma varanda ou dentro de uma sala iluminada de sol, recitaria em voz baixa todas as linhas, as mil linhas, da minha carta. e envolveria cada palavra com braços de Pietá, até que uma se revelasse para outra e ao terem as letras dos extremos tocadas, dessem as mãos e se contaminassem e comungassem e se prometessem eternas e fizessem que cada linha se transformasse em verso.

minha carta de mil linhas seria um poema de mil versos, estrofe única e assunto que poderia ser música, nunca música de ouvir, só música do sentir.

se eu soubesse, eu escreveria uma carta de mil linhas.

tenho vontade de escrever uma carta de mil linhas
e que nela os arrepios da pele,
a boca seca,
o tremor das mãos,
as vontades,
os receios
e tudo aquilo que me percorre
se transformasse em palavras.
e cada palavra tivesse poder
da comunicação precisa,
linha reta sem sinônimos
ou mudança de interpretação.
nessa carta, e só nela,
eu usaria palavras sagradas,
como sagrado, sossego, airoso, donaire, beijo, sol, risada, calmaria e amor.
desfilaria frases inteiras
com sentidos completos,
as coisas do corpo e da alma.
as mil linhas da minha carta
revelariam meus caminhos
e todos os meus passos
transformariam, automáticas, em antônimos palavras difíceis,
como difícil, defeito, cansaço, medo, não, talvez, indelicadeza, mancha e lágrimas.
formariam um rosário inteiro
de orações de compromisso com a felicidade.
no descanso de uma varanda
ou dentro de uma sala iluminada de sol,
recitaria em voz baixa
todas as linhas, as mil linhas, da minha carta.
e envolveria cada palavra com braços de Pietá,
até que uma se revelasse para outra
e ao terem as letras dos extremos tocadas,
dessem as mãos
e se contaminassem
e comungassem
e se prometessem eternas
e fizessem que cada linha se transformasse em verso.
minha carta de mil linhas
seria um poema de mil versos,
estrofe única
e assunto que poderia ser música,
nunca música de ouvir,
só música do sentir.
se eu soubesse,
eu escreveria uma carta de mil linhas.

5 Comentários

  1. Estefânio
  2. Estefânio
  3. Estefânio

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