depois que escrevi post sobre minha incapacidade na gestão das finanças e a vontade de reverter o quadro, várias boias foram jogadas ao mar. é possível que eu as costure e faça um imenso bote. meu medo é comprar umas velas de linho, litros de rum Havana, quilos de peixe defumado e partir oceano afora, me afundando em mais contas…
mas a questão aqui é o número e a qualidade das sugestões que recebi. como tem gente organizada nessa vida! e como existe inveja dentro de mim.
entre o que me chegou está a sugestão de um grupo no Facebook. lá as pessoas discutem sobre esses assuntos de gente grande. acho que não vou poder contribuir com nada. só ficar espiando e admirando quem tem essas possibilidades. mas a passear pelos posts encontrei um tópico que falava sobre pedir desconto.
eu não peço desconto. nunca. tenho uns pudores sobre isso. fico constrangida, me sinto meio patife. um pensamento ingênuo me faz crer que do outro lado do balcão há alguém com seu serviço, seu trabalho, seu produto, sua cadeia de conhecimentos e força que me cobrará valor justo pelo que quero. se o que quero não posso pagar, fica pra outro dia.
sei que a cultura reinante é outra. cresci ao lado da minha mãe, insuperável na arte da pechincha. e não importa o número de vezes que a vi em ação, sempre me espantei com sua capacidade de trocar seis por uma dúzia.
um dia desses, um amigo quis comprar livro. repare:
Amigo: quanto custa, Adriana?
Eu: 30,00.
Amigo: e se forem dois?
Eu: 60,00.
Amigo: e se forem três?
Eu: 90,00.
Amigo: tá. e se forem quatro?
Eu: 120,00.
fiquei confusa, achei que era um teste de tabuada. e só consegui pensar que, ainda bem, o livro não é múltiplo de sete, não sei fazer a conta. o fato é que na hora nem me passou pela cabeça que aquela era uma conversa de pechincha.
mas não adianta querer dourar a pílula. daqui pra frente, tudo vai ser diferente. vou me especializar no lance do leilão ao contrário.
se alguém tiver vendendo alguma coisa, antes de chegar até aqui, lembre-se: pago menos.