gosto de acordar cedo, mas sair de casa, pegar trânsito e conversar com bom humor é outra história. deixar a cama nas primeiras horas tem relação com caminhar sem pressa até a cozinha, tomar café no silêncio dos pensamentos e fazer tudo bem devagar, no ritmo do corpo que ainda se acostuma com a ressurreição matinal.
não pensei que um compromisso às oito da matina pudesse ser coisa tão gratificante.
na sexta-feira deixei a calmaria para me encontrar com crianças da Escola Ulisses Falcão Vieira. fui convidada pela Cris Alves que agita a biblioteca e a sala de artes.
tinha curiosidade imensa, porque conversei antes com algumas crianças que me mandaram perguntas em textos de deixar recém universitários no chinelo – e elas têm, no máximo, 10 anos.
conheci alguns alunos surpreendentes que sabem da força da leitura e se dedicam ao futuro, sem a consciência adulta que acaba estragando o desenvolvimento das particularidades. naquela escola tem guri que é poeta, menina que sabe articular fala e pensamento de um jeito fascinante, garota desenhista, outra super curiosa, tem gente quietinha a me observar com olhos de perguntas, tem menino que não me deu a mínima porque queria mesmo é que chegasse o recreio logo de uma vez, tem criança a desfilar questões… pessoas com traços particulares, com interesses próprios, que são respeitadas em suas características e estão longe daquelas generalidades tão tristes que riscam as propriedades de cada um. o plural mora naquela escola e isso é tão bonito de vivenciar; pode não ser fácil de administrar no cotidiano, mas é o que entendo como certo e digno.
fui recebida com carinho, respeito e curiosidade, a tríade que me faz feliz e ter vontade de voltar.
de escola em escola cresce a esperança na humanidade.