publiquei livro novo.
é provável que esta frase seja a que mais gosto de escrever. a que me dá mais prazer e a que me garante levantar o queixo na linha do horizonte, puxar o ar e sorrir feliz.
eu publiquei um novo livro.
não consigo tratar disso de um jeito blasé. ou na naturalidade do feito porque escrever é o que eu faço.
meu coração fica aos pulos e enfrento aquela porção vaidosa que insiste em mim. por muitas vezes preciso estalar os dedos para sair do transe que confunde passado e presente quando olho para capa.
também tenho que controlar os impulsos de apontar erros e coisas que faria diferente caso os textos ainda fossem para a prensa.
em um universo perfeito agora aproveitaria todos os ruídos desse silêncio para iniciar novo projeto.
a vida não é assim.
tenho que pensar em sua divulgação, em sua venda, em seus caminhos. tenho que encontrar os leitores. tenho que escarafunchar o mundo para poder mostrar as linhas e garantir que todos os meus esforços repousem em outros olhos e conversem com outras bocas.
tenho que ser a ponte entre o texto e o público, como se eu não fosse o próprio público e o próprio texto. e a própria ponte.
tenho que olhar pro teto e pensar sobre o que fazer.
mas nada atrapalha essa satisfação íntima de falar baixinho e sozinha que publiquei um novo livro.
o amor e outros sufocos. <- um pouquinho de explicação.
o amor e outros sufocos. <- a ponte, a venda.