Arquivo Mensal: fevereiro 2015

fragilidade de cristal

sou frequentadora de brechós, sebos e afins. gosto muito. tenho fascínio por objetos e suas histórias. quando compro alguma coisa, imagino por horas, dias, semanas sua vida útil até chegar em minhas mãos. faço retrospectiva detalhada de tudo o que lhe aconteceu e desmanto histórias fantásticas. o exercício dessa ficção me alegra. dia desses estava em Antonina. em viagem dentro de um maravilhoso mercadinho de …

acumuladora

sou pessoa que se comove com necessidades alheias. aprendi que se é uma coisa que tenho que fará o sofrimento do próximo diminuir, eu doo. não tem problema. mas mesmo assim, me agarro a alguns objetos sem saber direito o motivo real. os exemplos. saca camiseta de promoção? loja, vereador, campanha… essas que a gente nunca usará nem em público nem no conforto do lar. …

navegação

queria estar na praia agora. quieta, sozinha, ouvindo arrebentar de ondas e chacoalhar de coqueiros. para troca, somente um incrível, imenso, intenso silêncio. desses que a gente só entrega para o mar e pronto. oferenda sem volta e sem pedido. os dias de doença me deixaram doente. o corpo provou ser mais e levou à nocaute qualquer pensamento melhor. acho que chega um dia em …

clima familiar

acampamento. nunca, nunca mesmo, me convide. pra mim é aporrinhação pura. não conheço um único ponto positivo dessa inversão esdrúxula que fez migrar para o lazer/prazer todas as dificuldades dos tempos bárbaros. primeira coisa desagradável é a antessala do inferno, o camping. coletivo de árvores e quadrados delineados, churrasqueiras com bolor nas paredes externas e ninhos de passarinhos, gambazinhos e guaxininzinhos por dentro, o que …

quase noite de verão

adoro piquenique. nunca faço. me dá preguiça. muita mão de obra: reunir coisas, preparar comidinhas, encontrar fórmula fácil para deixar a bebida gelada, ter toalha xadrez. escolher um lugar também não é tarefa leve. não pode ter formigas, mosquitos, abelhas ou qualquer coisa que voe, ande ou se arraste. nem gente barulhenta, xereta, que goste de conversar por perto. só mesmo curitibanos da década de …

fé de pescador

Tom querido, pela primeira vez desde que nos conhecemos esqueci do seu aniversário. claro, sei que isso não faz a menor diferença pra você nem aí na sua eternidade e nem se estivesse por aqui nesse efêmero nervoso. mas o acontecido me aborrece. todo vigésimo quinto de janeiro acordava e pensava: hoje é dia de Tom Jobim! todo ano era assim: colocava disco seu na …

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