trabalho Arquivo

as fatias do cotidiano

nos últimos meses meu tempo está dividido de um jeito semirreligioso. em nenhum outro momento da vida lembro de limites marcados tão claramente. sou, forma imutável, 45% trabalho, 25% reforma da casa, 20% durmo, 10% me revezo entre ficar doente e me recuperar. a minha porção trabalho toma boa parte. passo horas e horas e horas em frente ao computador. não é monótono, só cansativo …

eu, antiquária

uma vontade recente me belisca. parece que nova quimera começa a brotar neste cabeção tão afastado das realidades: a caminhar aqui e ali a ideia de ter um antiquário. obviamente mais uma coisa a se juntar à minha vocação de pouca renda e sonhos múltiplos. comecei a procurar curso. não sei exatamente o que é necessário para tratar do assunto com competência, mas passei a …

entre enxaqueca e outras coisas

tinha planos para o feriado. uma dorzinha de cabeça começou me beliscar devagarinho. inoportuna, inconveniente, chata. não dei atenção. segui a vida a tratar de compromissos e recreios para ver se a vencia pelo cansaço. nada. a danada ganhou forças. tratou de crescer como se fosse bicho. virou enxaqueca e desmontou meus planos. de uns tempos pra cá, a enxaqueca me persegue. não gosta da …

em Piên

uma vez, mais de 20 anos, fui a Piên. não conheci a cidade porque saí da minha casa e desembarquei direto numa madeireira, um lance que tinha relação com eucaliptos. daquele episódio lembro pouca coisa: vento absurdo que curvava árvores, chacoalhava janelas, e assobiava pequenos redemoinhos no chão; meu interlocutor era um homem com personalidade diferente, jogava a cadeira de diretor para trás em movimentos …

a nadar em rio cristalino

peguei o ônibus Curitiba-Lages, desci em Mafra e segui para Rio Negro, que, pelo que fiquei sabendo não tem mais rodoviária, mas deveria. o passeio pela cidade me fez ter vontade de pular do carro e seguir a pé, a subir e descer morros, atravessar as ruas largas, olhar de perto as flores e bater palmas em frente a uma casa qualquer para pedir um …

festa imodesta

não poderia ter acontecido em outro lugar, em outro dia, com outras companhias. não dava para ser diferente. até eu, que nego o destino e acho que cavo dia após dia minhas escolhas, tenho que dar a mão à palmatória e me redimir desse pensamento tão cartesiano. fui vítima do bom destino em toda sua glória e resplendor. lançar livro não é coisa fácil pra …

convite para lançamento

vai funcionar assim: não paga nada para entrar, também não paga nada para beber um dos incríveis coquetéis da casa e nadinha para ouvir boa música. ninguém é obrigado a comprar livro e nem ficar a noite toda. liberdade é o outro nome do Dizzy na próxima segunda-feira, dia de lançamento do “Salve o compositor popular”. o livro tá bonito, tem arte do Mirandinha, caricaturas …

19 de dezembro

acho que me comporto bem. não estou azucrinando ninguém, não faço drama, não sou insistente. importante: não criei grupo para ficar monologando sobre. tá certo, mandei um ou outro Whatsapp a modo de desabafar e comunicar meus passos atuais. mas fora isso, estou carregando muda esse drama do lançamento do livro. mas minha pele pipoca, o estômago dói, tenho pesadelos. essa situação é complexa para …

Salve o compositor popular

tenho frustrações. a mais pública, e talvez a mais confessável por ser menos feia, tem a ver com a música. nunca aprendi a tocar nada. sempre quis. mas faltou a disciplina necessária, dobrada, para uma sem talento como eu. todas as minhas tentativas tropeçaram, caíram e foram soterradas num buraco. estou para sempre ali na zerésima escala. e quando tento fugir, num único passo corro …

no paraíso

amanhecer em Antonina é como despencar do sonho para uma realidade onírica. tudo passa de um jeito diferente e eu reafirmo a certeza de que a vida é mais, muito mais, da que alcança meu cotidiano de cidade grande. acho graça em ouvir galos preguiçosos que cantam para a chegada do dia. são expertos, esperam que o sol esteja alto no céu para começar a …

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