maternidade Arquivo

a queda

sou estabanada. desde sempre. tropeço, esbarro, derrubo. até hoje não consegui identificar se é um problema de noção corporal ou uma coisa que vive desligada porque me distraio olhando o mundo e esqueço de prestar atenção nos detalhes ordinários. aos 15 anos, quebrei meu tornozelo. não foi culpa minha. saltei de paraquedas e tudo tinha dado certo, mas quando estava chegando no chão, o vento …

o problema de quem não tem problema

minha mãe veio para o almoço. rindo entre babaganuch e hommus, lembrando momentos na companhia de falafel e arroz com lentilha, contando novidades enquanto alguém pedia, me passa o tabule, chegamos ao momento de hoje de cada um dos presentes na mesa – e de uns outros que não compareceram sem temer citações. misto de Polônia e Ucrânia, minha mãe traz no sangue uma preocupação …

águas de março da maternidade

quantas mães podem sentir o mesmo que eu? muitas. há gente boa nesse mundo, a fazer coisas, a virar páginas, contribuir, melhorar nossa existência. as mães dessas pessoas devem se sentir como eu. mas tenho cá umas particularidades em minha condição materna. sou mãe do Dé e da Lívia. também da Jéssica. hoje falo dele. primeiro filho, vem acompanhando minha vida, meus tropeços, conquistas, subidas …

labirinto

admiro muita gente. das letras, da música, das plásticas, do cinema, da medicina, da engenharia, da família, da humanidade. gosto de gente. e mais ainda de observar as particularidades que cada um carrega e que são dignas de contemplação. na maioria das vezes, as qualidades se sobrepõem às imperfeições. admiro muita gente, sim, mas tenho um ídolo. ter um ídolo, é olhar para uma pessoa …

carta para o futuro

Thomas, escrevo para dizer que você é muito bem vindo. muitas pessoas pensaram em você e lhe dedicaram amor e esperança antes mesmo de você ser. uma torcida gigantesca, transcontinental, por sua chegada… aqui, do outro lado do oceano, movida pelo amor e amizade que sinto por sua mãe, te conto que te amo, que te amo como se você fosse meu, que te amo …

de filho pra mãe

umas coisas na vida obrigam a gente a caminhar. não aceitam freio de mão puxado. sou grata a elas. meu filho faz isso comigo. não entende nem aceita que sou velha. não me considera ultrapassada sem possibilidade de entender suas ideias, vontades, modernidades. também não o preocupa minha ignorância em alguns assuntos; fala, e eu que me vire atrás de informações. simplesmente dedica a mim …

filhinhos

a vida sem filhos deve ser mais silenciosa, ter mais grana, mais tempo e viagens diferentes. provavelmente, a vida sem filhos não deve ter quilos de roupas para lavar, louça em cima da pia e decoração lúdica na casa. é possível que a vida sem filhos não exija refeições na hora certa, bolos no final de semana e idas infinitas ao mercado. eu não sei. …

do amor que não se repete – e se repete sempre.

Eu tive muitas mães na minha infância. Uma rua inteirinha de mães que me chamavam pelo nome, pelo apelido, pelo sobrenome, pelo nome dos meus irmãos, dos meus colegas, me chamavam por a filha da Reny, a filha do Paulo. As mães da minha infância eram minhas e de toda a rua. Brincávamos livres: bola, bicicleta, rolimã, bets, conversinhas, esconde-esconde. E todos obedecíamos em uníssono …

un caballero de fina estampa…

Filho, Já aconteceu muita coisa em nossa incomum vida em comum: futebol, espera por sol, basquetebol hospital, mau humor matinal, temporal drama, falta de grana, organograma bar, banho de mar, troca de par almoço no carro, tiração de sarro, peito com catarro fratura, aventura, criadora e criatura descoberta de lugares, vestibulares, compras em bazares faxina, rotina, comercial de margarina desminto, distinto, labirinto briga, invasão de …

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