flores Arquivo

fim de inverno

sinto esse calorzinho de agosto. está no ar, nas flores amarelas dos ipês, no sol, na roupa de cama com uma coberta a menos. está na peça que há muito não desfila pelas ruas tirada hoje do guarda-roupa. está nesse humor que se renova e no Mozart que gira lindo, animado, allegro, mas não muito… gostoso poder esticar o corpo que estava todo atrofiado, encolhido …

quando a gratidão é maior que tudo

quem escreve sabe, a solidão é quase uma exigência para o ofício. mesmo numa redação apinhada de gente ou num voo lotado ou na mesa de um café, em algum momento é preciso se enclausurar em si mesmo, desprezar vozes e movimentos e recorrer ao baú particular. concentração. durante muitas horas trabalho sozinha. fico aqui, enfurnada em mim mesma, com uma musiquinha e o olhar …

dente de leão

no silêncio daquelas sementes que boiaram no ar do quintal da casa da minha vó numa tarde de outono, pensei que o dente de leão que eu soprava era o que de mais enigmático existia no mundo. não por conta dos traços botânicos, mas por aquela maneira tão grandiosa de a partir de um sopro se transformar em muitos pedaços e cada um ser dono …

efemeridades

semana passada comprei um vasinho de lírios. não quis saber raça, preferência política, religião ou cor. comprei gordos e auspiciosos botões, promessas de beleza. pois hoje quando escorreguei os olhos na sala, as flores me disseram bom dia, se apresentaram e marcaram o ambiente com aquele perfume tão suave e envolvente, que a gente sempre reconhece. não sei se é por conta da minha inabilidade …

retrospectiva

ah! nem tenho muitas queixas.  2014 foi um ano interessante. pessoalmente, vida privada, mais inclinado pro lado do sim. se eu pensar na sociedade, na cidade, no estado, no país, nas perdas, dá vontade de rasgar a última folha do calendário logo de uma vez. mas não tenho vontade de falar dessas coisas… em 2014 fui a Antonina. e ao Rio de Janeiro. e à …

voorjaar

a primavera chegou! eu sinto, vejo, ouço. parece que dentro de mim mil flores desabrocham quando olho para o jacarandá e ele me sorri roxinho.  é tempo de tirar os vestidos do armário, de ensaiar volta pela praia, de começar a despir o corpo. é tempo das caminhadas de fim de tarde ou de começo de dia. é tempo de sorrisos. gosto de ganhar os …

o último brasileiro a ter um celular…

Depois que Carlos Alberto comprou o aparelhinho que tanto criticava, odiava, repugnava nossas caminhadas nunca mais foram as mesmas… Agora ele divide as atenções – que em outros tempos eram minhas e da paisagem – entre os amigos, amigas, candidatos, alunos, pacientes, impacientes, pessoas pedindo conselhos, ex-amantes e todo tipo de gente que se coça de vontade de ouvir sua prosa.  Enquanto isso, eu vou …

se essa rua fosse minha, o pé de ipê tava vivo

Você já reparou que as flores do ipê só deixam as árvores para formar tapete colorido quando chegam ao auge da cor, ao ponto máximo, ao estado maior de beleza? Por que será? Uma vez estava conversando, sobre outro assunto, com a Leila Pugnaloni e ela me disse que pensava que as pessoas eram assim… que quando chegam ao entendimento, à compreensão total, ao topo …

olhei até ficar cansada…

quantas espécies de flores há no mundo? e será que alguma não é de arrombar a retina? vejo aqui e ali, de tudo quanto é cor, número de pétalas, tamanho, cheiro, gosto, forma… nunca achei uma flor feia. diferente? sim! exótica? sim! impressionante? sim! feia? nunca! as flores de plástico não morrem… mas prefiro as que duram apenas o tempo da própria beleza… ganhar flores …

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